“Não há caminho fácil da terra às estrelas”. Essas são as palavras do filósofo Sêneca que Daniel Schwalbe Koda, de 24 anos, tem sempre em mente para vencer os desafios e que lhe inspiraram para atingir a maior média geral (9,78) no curso do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), desde a formação da primeira turma há 68 anos. Na mesma instituição, concomitantemente com a graduação, ele concluiu o Mestrado em Física com nota ainda maior (10,0).
Daniel nasceu em Curitiba (PR), descendente de imigrantes alemães e japoneses que chegaram ao Brasil na década de 30 do século passado em busca de melhores condições de vida. Desde criança, sempre gostou de estudar, era curioso e persistente.
Ele fez o Ensino Fundamental em escola particular. Em vez do Ensino Médio, cursou o Ensino Técnico em Eletrônica, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Após esse primeiro diploma, fez um cursinho preparatório para o vestibular. Dedicava-se 18 horas por dia ao estudo, de segunda a sábado. O esforço foi compensado com a primeira colocação geral no vestibular do ITA.
A rotina de Daniel, durante a graduação em engenharia eletrônica, começava cedo. Pela manhã, frequentava as aulas. À tarde, dividia seu tempo entre laboratórios e atividades relacionadas ao curso, mas também buscava pedalar ou caminhar regularmente. No período da noite, estudava e conversava com os amigos antes de se recolher, procurando dormir cerca de sete horas por noite.
Disciplina e organização foram a chave do seu sucesso. O tempo de estudo sempre foi planejado e seu método de aprendizado foi desenvolvido ao longo do tempo, o que envolvia anotar as atividades em listas e o uso de cronogramas. Procurava manter-se em dia com as disciplinas, de forma a não acumular estudo, preferindo fazer tudo antecipado a deixar para depois. A menor nota que tirou nos cinco anos (8,8) foi em uma disciplina no terceiro período do curso, quando esqueceu de estudar um assunto que caiu em peso no exame final.
Em 2016, Daniel conquistou o prêmio de melhor pôster em uma conferência realizada em Hong Kong, na China, mesmo competindo com doutorandos e pesquisadores de projeção internacional de várias partes do mundo. Já em 2017, recebeu o prêmio de melhor iniciação científica do Brasil pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), na área de Ciências Exatas, da Terra e Engenharias.
Sua pesquisa é sobre materiais, denominados bidimensionais, que apenas em 2004 começaram a ser explorados e têm várias aplicações. Imagine que, no futuro, roupas, vidros, telhados e paredes poderão gerar energia elétrica a partir do sol. Um mundo em que materiais para construção civil e aeronáutica, por exemplo, serão dez vezes mais fortes que o aço, mas vinte vezes mais leves; em que se possa ter dispositivos eletrônicos extremamente finos e mais eficientes, a água do mar possa ser filtrada para dessalinização e baterias sejam carregadas em poucos minutos. Essas são algumas das possibilidades que ele visualiza.
Daniel não usa redes sociais e não é fã de passeios em shoppings. Além de estudar - o que para ele é um divertimento - gosta de fazer trilhas em montanhas, praias, rios ou cachoeiras. Se interessa também em ir ao cinema, teatro e apresentações musicais, e os seus principais hobbies são tocar violão, fazer atividade física e cozinhar.
Ele pretende continuar com sua pesquisa e está esperando o resultado da seleção que fez para doutorado. “Se queremos alçar voos aos céus e além, temos que abraçar o desafio, encarar a vida e fazer o nosso melhor. Foi com esta mentalidade que trabalhei até então, e é lembrando disso que seguirei a vida”, ressalta.
Fonte: Agência Força Aérea, por Tenente João Elias
Edição: Ten Gabriélli - Revisão: Major Peçanha
Publicado em: 23/02/2018