Após o Cinquentenário do primeiro voo da aeronave Bandeirante, em uma manhã fria e cinzenta - 8 de junho de 2019 - similar àquela de 50 anos atrás, o Major Engenheiro Leonardo Maurício de Faria Lopes executou com sucesso o primeiro voo de um aeromodelo produzido por meio de seus conhecimentos teóricos e práticos, tendo como referência a aeronave Bandeirante pertencente ao Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV).
Durante sua formação como Engenheiro Aeronáutico pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), participou da competição “Aerodesign Brasil” (SAE), onde sua equipe foi campeã no Brasil e no ano seguinte disputou com equipes de diversas partes do mundo na edição “Aerodesign East”, na Flórida – EUA, atingindo o segundo lugar.
Posteriormente, no ano de 2002, formou-se engenheiro experimental de ensaios em voo da Força Aérea Brasileira (FAB), passando a exercer sua atividade no IPEV, Organização Militar (OM) que despertou no militar a vontade de projetar e construir seu próprio aeromodelo.
Durante um voo de ensaio em 2016, a bordo da aeronave C-95AM Bandeirante pertencente ao IPEV, surgiu a ideia de reproduzir essa aeronave. Seria uma homenagem a esse avião tão importante para a história do IPEV e em especial para a indústria aeronáutica brasileira, já que em 2018 se completariam 50 anos do primeiro voo do Bandeirante.
Alguns meses depois iniciou o projeto das partes no computador. “Levei cerca de um ano até ficar satisfeito com o projeto”, afirma o Maj Leonardo. Depois, mandou cortar as partes e levou cerca de um ano e meio construindo o aeromodelo.
Primeiro a estrutura, depois o revestimento, a entelagem com filme termo-adesivo, e depois a instalação dos equipamentos. O Major engenheiro complementa: “Foi um tempo longo, pois executei o projeto totalmente sozinho. Conseguia trabalhar geralmente à noite numa pequena oficina que montei em casa. Com mais tempo dedicado, o processo seria bem mais rápido, porém, fiz tudo com calma para ficar bem feito”.
Diante do fato em que os aeromodelos tradicionais geralmente possuem asas grandes, com características apropriadas para baixas velocidades, o aeromodelo em escala, como no caso do Bandeirante, precisa voar um pouco mais rápido para não perder sustentação e, além disso, pode não ser tão fácil de controlar, pois o desenho original foi projetado para uma condição de voo bem diferente.
Dessa forma, na manhã do dia 08 de junho o aeromodelo foi finalmente posto à prova. Após algumas horas de ansiedade aguardando a neblina se dispersar, o resultado do voo inaugural foi incrível. Marcado por uma dose de nervosismo, muita responsabilidade e grande realização em executar o primeiro teste real do projeto: decolagem, voo e pouso.
O engenheiro e agora piloto de aeromodelo afirmou: “Depois de muita dedicação, foi uma grande satisfação e um alívio ver o meu projeto alçar voo pela primeira vez, espelhando o ambicioso sonho que decolou pela primeira vez há mais de 50 anos”. E concluiu: “Naturalmente, como é comum a todo voo inaugural, ainda há algumas características que precisam ser ajustadas para que o voo fique mais estável e suave, e agora vou colocar em prática meus conhecimentos de ensaios em voo para aprimorar o modelo”.
Por Tenente Camila, do IPEV
Fotos: Sargento Roberto, do DCTA