O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) recebeu, nesta quinta-feira (5/11), a visita de uma comitiva do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). O objetivo foi reconhecer os principais projetos estratégicos em desenvolvimento no Campus, bem como discutir as melhores práticas para o aprofundamento das relações entre as instituições, condição imprescindível para o sucesso do programa espacial brasileiro e para o avanço da tecnologia aeroespacial no País.
A comitiva foi recepcionada pelo Diretor-Geral do DCTA, Major-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara, no Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB). Participaram da acolhida o Reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Professor Doutor Anderson Ribeiro Correia, o Diretor do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), Brigadeiro Engenheiro César Demétrio Santos, e o Chefe do Subdepartamento Técnico do DCTA, Brigadeiro Engenheiro Augusto Luiz de Castro Otero. Dentre os visitantes, estiveram presentes o Secretário de Empreendedorismo e Inovação, Senhor Paulo Cezar Rezende de Carvalho Alvim, o Diretor de Tecnologias Aplicadas, Senhor Eduardo Soriano, o Coordenador-Geral de Tecnologias Estratégicas, Senhor Claudio Olany Alencar de Oliveira, o Coordenador de Inovação e Tecnologias Estratégicas, Senhor Fábio França Silva Araújo, e o Assessor Especial do Ministro Marcos Pontes, Senhor Márcio Nobre Migon.
No Memorial, o Diretor-Geral do DCTA apresentou à comitiva os principais projetos em andamento no Departamento, demonstrando a relevância do desenvolvimento de tecnologias nacionais para o atendimento de demandas da sociedade brasileira, tais como no monitoramento do território contra crimes transfronteiriços ou ambientais, ou no fornecimento de serviços diversos, como banda larga de Internet ou geolocalização. “É necessário que o Brasil desenvolva total autonomia em questões de espaço, algo que somente será alcançado no trabalho sinérgico entre as instituições partícipes do Programa Espacial Brasileiro (PEB)”, destacou o Oficial-General.
Após a visitação ao MAB, a comitiva deslocou-se para o Instituto de Estudos Avançados (IEAv), organização subordinada ao DCTA que tem a missão de ampliar o conhecimento científico e o domínio de tecnologias estratégicas para fortalecer o poder aeroespacial brasileiro, sendo recepcionada por seu Diretor, o Coronel Engenheiro Fábio Andrade de Almeida. Ao longo de sua apresentação, os visitantes puderam adquirir informações sobre quatro projetos em andamento no instituto: o IFO, o ASA, o PROPHIPER e o PASIL.
O primeiro (IFO) engloba o desenvolvimento de uma Unidade de Medição Inercial a Fibra Ótica que será capaz de fornecer informações de velocidade de rotação e aceleração em três eixos ortogonais do veículo no qual esteja instalado. “Poucos países no mundo são capazes de desenvolver tal equipamento, e sua comercialização é extremamente dificultada, por se tratar de um equipamento essencial para o controle de engenhos hipersônicos, assunto altamente estratégico para as principais nações que exploram o espaço”, destacou o Diretor do IEAv, Coronel Engenheiro Almeida.
Em seguida, os visitantes conheceram o projeto ASA, que consiste em um ambiente de simulação de cenários operacionais para a Força Aérea Brasileira (FAB). O software foi desenvolvido para identificar, descrever, modelar e avaliar capacidades, bem como prever adversidades e antecipar decisões que podem afetar o cumprimento de uma missão. “Dispomos de uma ferramenta adequada para aprofundar pesquisas e viabilizar análises, tudo em uma solução própria, que nos dá independência tecnológica para continuarmos evoluindo e nos adaptando conforme as necessidades da FAB”, ressaltou o Primeiro Tenente Engenheiro João Paulo de Andrade Dantas, um dos desenvolvedores do protótipo.
Na sequência, foi apresentado o Programa Propulsão Hipersônica 14-X (PropHiper), que visa ao desenvolvimento de um motor hipersônico movido a hidrogênio gasoso, o qual deverá ser capaz de atingir a velocidade de Mach 7 (cerca de 8.400 quilômetros por hora) na estratosfera. O modelo em desenvolvimento, do tipo Scramjet (supersonic combustion ramjet), poderá ser empregado em um veículo aéreo hipersônico ou como segundo/terceiro estágio de propulsão de foguetes. Por fim, foi apresentado o projeto PASIL, que visa à separação de isótopos de terras raras por meio de laser, tecnologia capaz de possibilitar a fabricação de materiais dedicados a diversas aplicações na área espacial e de defesa.
No período vespertino, a comitiva visitou o Centro Espacial do ITA (CEI). Inaugurado em 28 de janeiro, o laboratório tem trabalhado em consonância com a National Aeronautics and Space Administration (NASA) e o Instituto de Tecnologia de Israel (Technion) e auxiliado a Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais (CCISE) na definição e implantação de sistemas espaciais voltados à defesa nacional, incluindo seus elementos orbitais e a respectiva estrutura de apoio.
Dentre as parcerias firmadas, está o desenvolvimento dos projetos SPORT e ITASAT 2. O primeiro nasceu de uma colaboração entre o ITA, a NASA, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e as universidades de Utah e do Texas, com a finalidade de desenvolver um nanossatélite capaz derealizar pesquisas sobre o clima espacial. O segundo decorre do projeto anterior, tendo por objetivo realizar investigações científicas e tecnológicas na ionosfera (camada da atmosfera terrestre que possui um abundante processo de ionização, gerando grandes concentrações de elétrons livres), a qual exerce influência sobre sistemas eletrônicos utilizados em grande escala pela sociedade, como no caso do Global Positioning System (GPS).
O primeiro ITASAT foi lançado no dia 3 de dezembro de 2018 em um foguete Falcon 9, da empresa SpaceX, diretamente da Base Aérea de Vanderberg, na Califórnia (EUA), tornando-se o primeiro modelo a levar a bordo um software de controle de atitude desenvolvido integralmente no Brasil. O ITASAT permanece em órbita e atuante, enviando sinais para os laboratórios do ITA com grande qualidade. “Este é um patrimônio nacional, e precisamos fortalecer essa estrutura com vistas a atingir alvos fundamentais na área de foguetes e satélites, o que possibilitará a inserção do país no cenário internacional de forma relevante”, destacou o Secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTI, Paulo Cezar Rezende de Carvalho Alvim.
Por fim, a comitiva visitou as instalações do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE). O objetivo foi a visualização das atividades do instituto voltadas a propulsão, como no caso do Veículo Lançador de Microssatélites (VLM-1), projeto desenvolvido em cooperação com a Deutsches Zentrum für Luftund Raumfahrt (DLR) – que é o Centro Aeroespacial Alemão – cuja missão é realizar o lançamento de um microssatélite (até 150 kg) em órbita equatorial a 450 km de altitude. Outro projeto citado foi o VSB-30, lançador de pequeno porte voltado para a realização de experimentos em ambientes microgravitacionais.
Importante destacar que o DCTA e a AVIBRAS assinaram, em 27 de janeiro, um Contrato de Transferência de Tecnologia do VSB-30, o qual permite a industrialização e comercialização do foguete, tornando viável a aceleração do desenvolvimento de veículos lançadores nacionais que sejam competitivos no mercado internacional. “A visita foi muito importante, pois demonstrou a competência e a capacidade de pesquisa do DCTA e de sua rede de institutos. Fico orgulhoso por estar em um local onde se respira engenharia, sobretudo ao constatar que a aplicação de recursos no Campus se transformou em riqueza para o País”, destacou o Secretário Paulo Alvim.
Fonte: DCTA, por Sargento Anderson
Fotos: DCTA, por Sargento Petherson / IEAv, por Sargento Eduardo / ITA, por Sargento Roberto / IAE, por Sargento Frutuoso