No Dia da Aviação de Caça, conheça a tecnologia 100% Nacional que será utilizada nos modelos F-39 Gripen E/F
O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos (SP), está desenvolvendo, por meio do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), o Projeto IFF Modo 4 Nacional (IFFM4BR), primeiro sistema de identificação segura de plataformas aeroespaciais desenvolvido totalmente no Brasil.
O IFF, do inglês Identification Friend or Foe (Identificação Amigo ou Inimigo), é um sistema de Comando e Controle capaz de detectar e classificar um vetor como amigo ou aliado evitando, deste modo, o que poderia resultar em fratricídio (fogo amigo). O projeto IFF Modo 4 Nacional visa desenvolver e qualificar os principais componentes do Sistema, dentre eles o criptocomputador nacional, que será instalado nos interrogadores e transponders de aeronaves, veículos e embarcações, e implementa segurança criptográfica para mitigar as ocorrências de fogo-amigo em combate e ampliar a consciência situacional. O criptocomputador CM4-B, de responsabilidade do IAE, será o primeiro aviônico a ser desenvolvido no Brasil com tecnologia 100% nacional.
Para o emprego seguro de armamentos BVR, do inglês Beyond Visual Range, ou seja, além do alcance visual, torna-se essencial ter um sistema IFF seguro, confiável, interoperável, rápido e dedicado. “Uma vez que não é possível obter imagem do alvo, o projeto busca fornecer um ganho de consciência situacional ao determinar quem e onde, naquele teatro operacional, é considerado amigo”, ressalta o Gerente do Projeto, Major Aviador Guilherme Micheli Bedini Moreira.
O desenvolvimento inicial do projeto nasceu no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e consistia na capacidade nacional de entender, projetar e ensaiar o IFF Modo 4. Nesta etapa, denominada Fase 1, foi realizado o projeto de desenvolvimento do radar secundário SABER-S200R e de prova de conceito do transponder IFF e do criptocomputador.
"Na Fase 1, foram concebidos algoritmos para um National Secure Mode (NSM) brasileiro, com Algoritmos de Criptografia de Estado modernos, incorporando chaves longas e protegidas e resultando numa tecnologia de operação em IFF Modo 4 com características diferenciais, que solucionam antigas vulnerabilidades do Modo 4 estrangeiro (EUA/OTAN)”, ressalta o Coordenador Técnico do Projeto IFFM4BR, Capitão Engenheiro Jozias Del Rios Vieira Granado Santos.
A preparação para a continuação do projeto ocorreu entre 2016 e 2018, quando os conceitos adquiridos na Fase 1 serviram para estruturar um complexo Sistema IFF Modo 4 Nacional, composto de criptocomputadores, dispositivos carregadores de chave (KeyLoader) e uma gama de aplicativos para gerar chaves, distribuir informações, além de gerir o sistema e transferir as chaves.
Fase atual do projeto
A fase 2 e atual do projeto se deu após o contrato firmado para a aquisição das aeronaves Gripen e da demanda do Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) para o desenvolvimento do conjunto (criptocomputador, KeyLoader e dos aplicativos computacionais). Assim, a primeira aeronave a receber o criptocomputador será o F-39 Gripen, aeronave de caça que está sendo desenvolvida pela SAAB e pela indústria nacional de Defesa.
“O objetivo desta fase é levar a maturidade tecnológica aos produtos necessários à operação de um sistema nacional de identificação de plataformas militares a um nível representativo ao ambiente operacional”, aponta o Gerente do Projeto, Major Moreira. Ao término desta fase, além de obtenção de um criptocomputador para o Gripen, o objetivo é dotar da capacidade IFF Modo 4 uma plataforma capaz operar nas três Forças.
A fim de garantir a interoperabilidade entre as Forças Armadas, fazem parte do projeto um Oficial da Marinha do Brasil e um Oficial do Exército Brasileiro. A participação desses militares na Fase 3 do Projeto, etapa em que se vislumbra a implementação do IFFM4BR nas Forças Armadas Nacionais, tem grande importância. “Este projeto representa uma excelente oportunidade de cooperação entre as Forças Singulares, não apenas em nível tecnológico, mas também nos aspectos interpessoal e profissional. A concretização do Projeto IFFM4BR certamente contribuirá para amadurecimento dos Sistemas de Comando e Controle das Forças Armadas”, afirma o Oficial da Marinha Capitão-Tenente Everton Moreira Machado.
Nos dias 13 e 14 de abril, os Gerentes do Projeto IFFM4BR participaram da reunião do Conselho Diretor de Sistemas Militares de Comando e Controle (CD SISMC2) no Ministério da Defesa (MD). O projeto foi designado pela 3ª Subchefia do EMAER para ser um dos projetos a representarem a Força Aérea Brasileira (FAB) no evento.
Próximos passos
Atualmente, o IFF avança na definição dos Ensaios mecânicos e ambientais para a qualificação e preparação para sua Fase de Preliminary Design Review (PDR). Nesta etapa, prevista para ocorrer no período de 4 a 6 de maio, uma Banca Técnica composta por importantes Stakeholders do projeto irá verificar o correto e completo atendimento dos requisitos dos sistemas.
A entrega do produto final tem previsão para ocorrer em julho de 2022, quando a SAAB iniciará o processo de integração do conjunto no Gripen. Além disso, na fase 3 será realizada a implantação do servidor central no âmbito do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), responsável pela geração de chaves e sua distribuição e a integração gradual do criptocomputador aos radares, embarcações, veículos terrestres e aeronaves.
Nas fases finais acontecem a industrialização e produção em série de Criptocomputadores e KeyLoader e os treinamentos necessários, ajuste de doutrina operacional, avaliação operacional do sistema e entrada em operação.
O Projeto conta com o envolvimento de outras Organizações da FAB, como a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), o Comando de Operações Aeroespaciais (COMAE), o Centro de Inteligência da Aeronáutica (CIAER), o Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), o Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV), o Instituto de Controle do Espaço Aéreo (ICEA), o Instituto de Aplicações Operacionais (IAOp), o Centro de Computação da Aeronáutica de São José dos Campos (CCA-SJ) e o Grupo de Transporte FOX (GT-FOX) do Comando de Preparo (COMPREP), evidenciando o elevado nível de esforço conjunto de diversas áreas e profissionais na consolidação operacional.
Confira aqui o vídeo sobre o Projeto!
Fonte: DCTA, por Tenente Larissa Santos
Fotos: IAE